segunda-feira, 13 de junho de 2016

A história dos Brasileiros da NBA

Os atuais representantes brasileiros na NBA - foto: cbb.com.br

foto: espn.go.com
Há muito tempo que uma temporada da NBA não era tão comentada aqui no Brasil, ainda mais agora que os dois times que mais estão na moda são justamente os finalistas. A liga deste ano serviu para ajudar o brasileiro a olhar novamente com bons olhos o esporte que já foi o 2º mais querido no país. Com a proximidade também dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, vale a pena entrar nesta onda do basquete e por isso resolvi fazer um levantamento sobre todos os brasileiros que já disputaram a liga norte-americana, a mais difícil e admirada do mundo. É bom ressaltar que a temporada 2015/16 é a que mais tem jogadores brasileiros na história: 9 no total. Vamos lá!

Rolando Ferreira Junior

Foi o estreante brasileiro na NBA. Em 1988/89 disputou a competição pelo modesto Portland Trail Blazers. Foram apenas 12 jogos onde marcou 9 pontos no total. A passagem pela liga não teve muito destaque, diferentemente da seleção brasileira onde conquistou o ouro Pan-americano de 1987 e vestiu a amarelinha por 12 anos.

João Vianna (Pipoka)


Disputou apenas 1 jogo na NBA pelo Dallas Mavericks na temporada 1991/92. Pipoka teve grande destaque no basquete nacional e também estava na geração de ouro do Pan em 1987.

Nenê Hilário

Depois de um hiato sem brasileiros na Liga, a equipe do Denver Nuggets resolveu apostar no pivô Nenê em 2002 e se deu bem, só no Denver foram 10 anos participando regularmente dos jogos do time. Em 2012 se transferiu para o Washington Wizards e também é presença constante na seleção brasileira.

Leandro Barbosa (Leandrinho)

Contratado pelo Phoenix Suns 2003, Leandrinho foi o primeiro brasileiro a ganhar um prêmio individual na liga, o de “melhor sexto homem” na temporada 2006/07. Ficou no Suns até 2010 quando se transferiu para o Toronto Raptors. Passou ainda por Indiana Pacers, Boston Celtics e voltou ao Phoenix antes de se transferir para o Golden State Warriors em 2014. Na temporada seguinte, foi campeão da NBA com GSW, o segundo brasileiro a alcançar tal façanha.

Alex Garcia

Dono de grande técnica, Alex também chegou em 2003 na NBA, contratado pelo San Antonio Spurs. Seguidas lesões nos Estados Unidos prejudicaram o armador que só entrou em quadra 2 vezes. Em 2004 se transferiu para o New Orleans Hornets mas durou apenas 1 semestre lá. Voltou para o Brasil no ano seguinte após ter disputado no total apenas 10 jogos na NBA.

Lucas Tisher

Contratado em 2005 pelo Phoenix Suns, Lucas nunca chegou a entrar em quadra. Já no ano seguinte retornou ao Brasil. Chegou a disputar as ligas de Israel, Uruguai e Argentina e atualmente defende o Sport, aqui do Brasil.
   
Marcus Vinicius (Marquinhos)

Chegou a atuar bastante no New Orleans Hornets em 2006, quando foi contratado, mas sem muito destaque. Em 2008 se transferiu para o Memphis Grizzlies mas nem chegou a entrar em quadra, retornando para o Brasil na mesma temporada.

Anderson Varejão

É com certeza o jogador brasileiro de maior sucesso na história da NBA. Contratado em 2004 pelo Cleveland Cavaliers após ótima passagem pelo Barcelona-ESP, Varejão logo caiu nas graças da torcida. Sua vasta cabeleira é conhecida por todos na NBA e virou até peruca para os torcedores fanáticos. Foi o primeiro brasileiro a disputar uma final da liga com o mesmo Cavaliers mas sua equipe saiu derrotada. Na temporada 2009/10 foi escolhido para o segundo time de defesa da liga ao final da competição. Foram 12 anos defendendo o Cleveland onde disputou incríveis 591 partidas. Este ano se transferiu para o Golden State Warriors e por ironia do destino, enfrenta o ex-clube na final deste ano.

 Rafael Araújo (Babby)

Após se destacar no basquete universitário norte-americano, foi contratado pelo Toronto Raptors em 2004 onde disputou mais de 100 partidas em 2 anos na NBA. Em 2006 foi para o Utah Jazz sob grande expectativa mas foi atrapalhado pelas seguidas lesões no clube e acabou deixando a NBA no fim da temporada 2006/07. Defende o Pinheiros-BRA no NBB desde 2014.

Tiago Splitter

Chegou a NBA em 2010 após grande destaque na liga espanhola, onde ganhou diversos prêmios. Recusou em 2007 transferência para o San Antonio Spurs por receber melhor oferta financeira na Espanha e enquanto esteve lá foi considerado o terceiro melhor jogador do mundo entre os que não atuam na NBA. Em 2010 resolveu aceitar o desafio e ingressou na Liga Norte-Americana pelo mesmo Spurs, onde em 2014 sagrou-se campeão com a equipe, se tornando o primeiro brasileiro da história a conquistar o título da NBA. Em 2015 foi para o Atlanta Hawks onde está atualmente.

 Fabrício Melo

Fab Melo como é conhecido, foi contratado em 2012 pelo Boston Celtics mas sem ser aproveitado, foi rebaixado para o D-League, a liga de desenvolvimento do basquete norte-americano. Sem conseguir se firmar e também vítima de lesões seguidas, voltou para o Brasil em 2014 e segue a carreira sem muito destaque.

Scott Machado

Nascido nos EUA mas filho de brasileiros, Scott assinou em 2012 com o Houston Rockets. Fez poucos jogos por lá e em 2014 foi para o Golden State Warriors mas também não conseguiu se firmar e saiu na mesma temporada. Foi jogar na Europa e está lá até então, defendendo atualmente o Oldenburg-ALE.
  
Vitor Faverani

Mais um jogador que foi contratado após boa passagem pelas ligas europeias. Em 2013 assinou com o Boston Celtics e chegou a disputar alguns jogos pela equipe naquela temporada. Em 2014 sofreu grave lesão e acabou dispensado do clube no mesmo ano. Atualmente Faverani disputa a liga de Israel, pelo Maccabi Tel Aviv.

Lucas Nogueira (Bebê)

Bebê começou a carreira jovem no basquete europeu e após se destacar por lá foi especulado no Boston Celtics em 2013 mas seguiu na europa. Em 2014 o Toronto Raptors, time canadense que disputa a NBA o contratou, onde está desde então. Lucas segue entrando esporadicamente nos jogos do Raptors na liga.

Bruno Caboclo

Contratado surpreendentemente pelo Toronto Raptors em 2014 após grande temporada pelo Pinheiros, Caboclo estreou no mesmo ano pela equipe, tendo uma atuação destacada após sair do banco de reservas e foi elogiado pelos torcedores do time. Mesmo assim, o clube o considerou muito jovem e o deslocou para a disputa da D-League nesta temporada. É grande possibilidade dele voltar a equipe do Toronto em 2017 para disputar a NBA regularmente.

Raulzinho Neto

Em 2014 assinou com o Utah Jazz mas foi emprestado no mesmo ano para o Murcia-ESP, onde teve grande destaque. Nesta temporada, retornou para a NBA e entra nos jogos do Utah com frequência. Visto como um jogador de grande futuro, é frequentemente convocado para a seleção brasileira.

Cristiano Felício

Felício se destacou bastante no Flamengo-BRA e chamou a atenção do tradicional Chicago Bulls, que o contratou em 2015. Já são 29 partidas pela equipe e o jogador é uma grande aposta para o futuro.

Marcelinho Huertas

Huertas é reconhecido na Europa onde obteve grande destaque no Barcelona-ESP. Muito experiente, aceitou a proposta dos Los Angeles Lakers e depois de 10 anos atuando no velho continente chegou nesta temporada na NBA, aos 32 anos. Tem atuado com frequência mas a fase ruim atual dos Lakers não tem contribuído para alavancar armador.


segunda-feira, 23 de maio de 2016

O significado das estrelas nos escudos dos times brasileiros


Há alguns atrás, resolvi escrever sobre os escudos dos clubes e as estrelas / símbolos que neles constavam. Passado esse tempo, percebi que devia uma atualização sobre o antigo texto, já que alguns clubes resolveram mudar seus distintivos. Enfim, posto novamente sobre o tema, que com muito orgulho rendeu bons comentários no blog.

Muitos se perguntam o que significam as estrelas nos escudos dos times de futebol. Diferente de alguns países, no Brasil não se adotou uma padronização para exibir as estrelas junto aos escudos das equipes. 

Na Itália, por exemplo, para que um clube coloque uma estrela junto ao seu brasão, é necessário que vença 10 vezes o campeonato italiano. A Juventus é a única a possuir 3 estrelas, enquanto Milan e Inter têm 1 cada. No futebol nacional, cada time tem o seu propósito para estampar a estrela. Por curiosidade, fui buscar o que significa cada estrela nos escudos dos principais clubes brasileiros, conforme posto abaixo. 
Já peço desculpas, caso tenha esquecido alguma equipe. 

Eis a razão das estrelas. Clubes classificados por ordem alfabética (caso a imagem esteja pequena, clique em cima dela que será maximizada):









sábado, 30 de abril de 2016

O que seu clube vai fazer neste brasileirão?

O principal campeonato do país está pra começar e com isso, muitas são as expectativas sobre o quão longe determinado clube pode chegar. Alguns clubes tradicionais já estão de “férias” nesse momento, só aguardando o início do brasileirão, outros ainda brigam por título ou classificação, enfim, tudo isso será levado em conta nesta avaliação arriscada que vou fazer,  ciente que receberei críticas e discordâncias.
Para esta análise, considerarei o desempenho de cada clube até agora nos estaduais e/ou regionais, os reforços contratados, os técnicos, se estarão disputando campeonatos paralelamente e até mesmo a tradição, que jamais deve ser desprezada. Vamos lá!


REBAIXAMENTO

A parte da tabela que ninguém quer ficar, por isso mesmo que a disputa é grande. Geralmente, as últimas rodadas do campeonato são marcadas pela disputa pra fugir do descenso, as vezes com 2 ou mais considerados “gigantes” nesse imbróglio.
Os 4 que subiram da série B já começam um degrau abaixo dos demais, pois o ritmo das duas divisões é completamente diferente e é necessário provar que a promoção não foi sem querer, assim, América-Mg, Santa Cruz, Vitória e até mesmo Botafogo correm esse risco. Somo a esses o Figueirense, que passou raspando do rebaixamento em 2015 e a Ponte Preta, que diferente das temporadas anteriores, fez um estadual abaixo do esperado e não possue um elenco muito qualificado.

NÃO BRIGARÃO POR NADA

Nesse grupo, coloco aqueles que faltando 7 rodadas, já não terão nenhuma ambição no campeonato. A Chapecoense, que ano passado brigou contra o descenso mas em 2016 faz um estadual brilhante, além de possuir um técnico que particularmente me agrada muito pelo conhecimento tático, estará entre esses times. Atlético-PR e Coritiba, que não têm investido em contratações de peso nos últimos anos, também cumprirão tabela na reta final do brasileirão. Além destes, coloco o Internacional nesse bloco e explico o motivo. Todos os anos, o Inter é apontado como candidato ao título e decepciona. Ano passado não chegou nem a Libertadores e este ano já perdeu peças importantes do elenco e não repôs a altura, caso do meia D’alessandro. O técnico Argel é promissor mas ainda inexperiente e por isso, os gaúchos não terão uma campanha pra ser lembrada. Sim, já estou preparado para as críticas!

LIBERTADORES

A competição que todos almejam, ficar entre os 4 melhores (talvez 5, caso abra uma quinta vaga) é desejo de muitos e as vezes, é a disputa mais emocionante da competição, como foi no ano passado, já que o campeão Corinthians disparou no fim. Grêmio e Fluminense puxam a fila destes. O Grêmio porque corre grande risco de sair da Libertadores, o que é ruim, mas caso mantenha o dedicado técnico Roger, pode se acertar e fazer um bom nacional. Os cariocas do Flu conquistaram a Primeira Liga e são comandados pelo Levir, um dos melhores técnicos brasileiros da atualidade e que não precisa fazer lobby com jogador (vide o caso Fred), mas não tem elenco pra disputar o título. O Flamengo se encaixa no mesmo perfil do rival no quesito técnico, mas não faz um bom início de ano. Muricy, especialista em pontos corridos, comanda o clube e graças a ele coloquei a equipe nesta lista. O Sport vem de boa campanha no ano passado e neste inicio de ano, teve uma demissão injusta a meu ver do técnico Falcão mas contratou Oswaldo de Oliveira que me agradou em seus últimos trabalhos. Tem um time principal qualificado e precisa contratar algumas peças, mesmo assim acho que vai longe e não me surpreenderia se chegasse no fim disputando vaga pro torneio continental. Pode ser uma grata surpresa São Paulo e Cruzeiro fecham a disputa. O primeiro ainda disputa a Liberta com grandes chances de classificação. É dirigido por um técnico estrangeiro campeão por onde passou e possue um elenco bom, com grandes jovens promessas. Com time pior já fez mais por diversas vezes, mas começou mal o ano, aliás só por esse motivo não classifico como candidato a taça. Já os mineiros também não tiveram um bom início e estão fora inclusive das finais do fraco estadual de Minas. Além disso, ainda procuram um técnico pra substituir Deivid, mas mesmo assim possuem um dos melhores elencos do Brasil pra mim e com as “férias forçadas” que estão agora, terão tempo pra preparação pro brasileirão. Devem dar trabalho.


DISPUTA POR TÍTULO

É sempre difícil classificar os favoritos ao título, pois sempre surge uma surpresa, mas tenho bons argumentos pra colocar estes 4 clubes como candidatos principais no brasileirão: Atlético-MG, Corinthians, Santos e Palmeiras. Os dois primeiros são mais fáceis de justificar, basta olhar para o ano passado quando terminaram como os dois melhores na tabela e boa campanha na Libertadores, quando foram os melhores brasileiros na 1ª fase. Além disso, um tem o melhor elenco do país e o outro o melhor técnico, motivos mais que suficientes. Agora as surpresas: Santos e Palmeiras. O Peixe joga um futebol ofensivo e abusado, o tipo de jogo que queremos ver mesmo não sendo torcedor e é comandado por um técnico que faz questão da proposta de buscar sempre o gol. Sim, teve um fim de 2015 decepcionante pois não classificou pra Libertadores e perdeu a final da Copa do Brasil mas eu considero isso como acidente, pois era claramente o time que mais encantava no fim da temporada. A decepção em 2015 inclusive deve servir de lição e neste ano a coisa será diferente. Santos candidato ao título sim. Já o Palmeiras sai como o azarão principal do campeonato na minha opinião. Péssimo começo de ano, férias forçadas e troca de técnico. Mas há males que vem para o bem. Com técnico definido e que já mudou a cara do time nas últimas partidas, tem agora o tempo para treinar que todas as equipes reclamam, como se fosse uma pré-temporada. Além disso, não vejo o elenco tão ruim quanto dizem. 3 reforços que cheguem pra serem titulares deixarão a equipe de Cuca muito forte. Vamos aguardar.


Eis então minha análise do Brasileirão 2016. Muitas opiniões polêmicas mas assumo esse risco. Deixo registrado aqui o que acho que cada clube vai fazer neste ano, agora é esperar pra ver. Façam suas apostas!

sábado, 19 de março de 2016

Ferroviária - A pedra no sapato dos gigantes


A próxima parada da nossa jornada pelo Paulistão deste ano estaciona em Araraquara, uma  cidade de muita tradição no futebol do estado e que abriga uma das equipes mais competitivas desta edição do campeonato, a Ferroviária.
Lembro que quando era criança e assistia os jogos do estadual, a Ferroviária me chamava muito a atenção, afinal, o que esse nome tem a ver com um clube de futebol? Pois bem, depois de crescido fui matar minha curiosidade e hoje, contarei um pouco da história deste tradicional clube do interior paulista.

Diferente dos clubes "jovens" que tratamos nos artigos anteriores, a Associação Ferroviária de Esportes (AFE) tem uma significativa representação junto aos clubes do interior do país. Disputou por 30 anos seguidos a divisão de elite do Paulista e também já chegou a Série A do Brasileiro.

Fundada em 12 de Abril de 1950 por funcionários da EFA - Estrada de Ferro Araraquara, decidiu-se pela sigla AFE no clube, por coincidência ou não, o contrário da sigla idealizadora. As cores Grená e branco, foram escolhidas após longo debate, pois muitos queriam as cores da cidade (azul e branco) e são uma homenagem as locomotivas da EFA, que se distinguiam das outras justamente pelo grená. O mascote da equipe é a Locomotiva, que "atropela os adversários". Há também o Maquinista, criado por um cartunista Lucas Lima, torcedor da Ferrinha, que mesmo não sendo o mascote oficial, é bastante utilizado na divulgação e marketing do clube.

O estádio, mesmo sendo municipal, é reconhecidamente a casa da Ferroviária. Batizado como estádio Dr. Adhemar de Barros, que foi um importante político brasileiro, é mais conhecido pelo nome de Arena da Fonte Luminosa. Reformado em 2008, hoje é uma moderna arena multiuso, com capacidade para 20 mil pessoas e possui um dos melhores gramados do país.

Muitos jogadores famosos já vestiram essa camisa grená. Dentre os mais conhecidos, estão o atacante Grafite, os meias Renato Cajá e Fumagalli, o ex volante e hoje técnico Dorival Júnior, o também ex volante Dudu, nascido em Araraquara e que depois se tornou um dos maiores ídolos da história do Palmeiras e por fim o meia Bazanni, ou Rubi, maior ídolo da Ferrinha.

Como já foi dito, a AFE fez grandes campanhas na elite do futebol brasileiro. No Paulista, já ficou em 3º lugar nos anos de 1959 3 1968, além de conquistar três vezes o título da A2. No âmbito nacional, disputou a primeira divisão do brasileiro por algumas oportunidades e chegou ao 12º lugar em 1983, além de ser vice-campeão da Série C, em 94. As conquistas mais reconhecidas são um tricampeonato Paulista do Interior, nos anos de 1967, 68 e 69, que inclusive foram representadas pelas 3 estrelas no escudo do clube.

Mas como o título deste artigo mostra, a campanha de 2016 no estadual é de dar inveja. Comandado pelo técnico português Sérgio Vieira, vem se destacando na liderança do grupo C, deixando em segundo lugar o poderoso São Paulo. Além disso, nesta temporada, nos dois jogos que teve com os gigantes do país, obteve grandes resultados. Um empate com o Corinthians em 2 a 2 quando foi superior durante toda a partida mas sofreu o gol de empate no fim e a vitória sobre o Palmeiras em pleno Allianz Parque por 2 a 1. Neste jogo, teve mais posse de bola, mais chances de gol e melhor desempenho. Aliás, esse é o grande destaque da Ferroviária, o desempenho em campo. Não é difícil analisar jogo por jogo da campanha no Paulista e concluir que sempre a Ferrinha foi melhor em campo. O time de Sérgio Vieira costuma impor seu ritmo nas partidas e o adversário, com pouca posse de bola, acaba encurralado pelo volume de jogo da AFE. É reconhecidamente uma das melhores equipes deste Paulistão e grande candidato à classificação para a próxima fase do estadual.

Técnico europeu,  estilo de jogo que impressiona e história reconhecida, tudo isso indica que a Ferroviária não está aí só querendo um prêmio de participação. Os adversários que se cuidem, inclusive os gigantes. A locomotiva está disposta a atropelar os adversários uma vez mais.


sábado, 5 de março de 2016

Água Santa, o debutante sensação



Para continuar o nosso giro pelos times de menor expressão do Paulistão 2016, nem precisamos ir tão longe da capital. A parada hoje passa pelo ABC, na cidade de Diadema. O tema deste artigo já diz muito sobre a equipe dos “aquáticos”. Pela primeira vez disputando o série A1 do estadual, a equipe vem fazendo bonito. Até aqui, são 7 jogos, 3 vitórias, 11 pontos ganhos e o segundo lugar no grupo D, que tem como líder o poderoso Corinthians. Ainda é cedo pra dizer se o Água Santa vai avançar para a próxima fase, mas a campanha como estreante já é digna de aplausos.

Fundado em 1981, o clube disputava apenas competições amadoras até 2011. Mas também, quando resolveu jogar pra valer contra os profissionais, a ascensão não parou mais. De 2013 a 2015 foram 3 acessos seguidos e agora faz história na elite do Paulistão. Idealizada por migrantes nordestinos, nortistas e até mineiros, conquistou os moradores da região, principalmente a partir dos anos 2000, quando começou a se destacar em competições da várzea. Tanto é que hoje calcula-se que sejam aproximadamente dez mil adeptos do clube, que sempre marcam presença no estádio Distrital do Inamar, a casa do Gigante de Diadema.

Pelo fato do estádio possuir apenas capacidade para 10 mil torcedores, ainda não se sabe se a equipe poderá mandar os jogos contra os grandes do Paulista lá. Até agora apenas uma goleada sofrida de 4×0 em confronto com São Paulo foi realizado em jogos diante dos maiores do estado.

Muitos jogadores famosos já passaram nesses quase 35 anos de clube. Claudecir, Dinei, Zinho e Capitão são apenas alguns deles. Mesmo na época sendo apenas um clube amador, contribuiu na formação de alguns jogadores  que hoje desfilam por clubes maiores do futebol  brasileiro, casos de Neilton (atacante) e Fábio Ferreira (zagueiro).

Hoje, vestem a camisa do clube alguns conhecidos que já jogaram por grandes times do Brasil, como Francisco Alex (meia ex-São Paulo), Guaru (meia ex-Guarani), Tchô (meia ex-Atlético Mg) e Eli Sábia (zagueiro-ex Santos).

As cores do clube obviamente homenageiam as águas. Azul e branco são predominantes no escudo e nos uniformes. Além disso, o mascote “Netuno”, em alusão ao rei romano dos mares, também justifica a admiração pelo elemento vital para a vida. O motivo pra tantas referências é o local onde ocorreu a fundação: próximo a estrada Água Santa e da represa Billings. O clube já enfrentou boatos de que era financiado por uma facção criminosa do estado e ganhou até o apelido de “time do PCC”, mas nada nunca foi comprovado. O próprio presidente do clube, Paulo Farias já ouviu estas insinuações mas com naturalidade desmente essa fama:


“Como era um time da várzea, milhões de pessoas passaram pela agremiação. E por ser em Diadema (considerada a 16ª cidade mais violenta de São Paulo em 2014), existia isso. Mas hoje não existe nenhum tipo de facção criminosa dentro da diretoria ou do clube. Pessoas mal intencionados espalharam esse boatos porque o time é de Diadema. E também foi espalhado por pessoas que são do time rival, o CAD (Clube Atlético Diadema) . Eu era sócio-fundador lá e teve um rompimento. Então saímos, assumimos o Água Santa e começaram esses boatos” comentou Paulo Farias, em entrevista ao portal terra.


Rivalidades à parte, Diadema hoje está festa com a representação da cidade no campeonato estadual mais equilibrado do país. O Esporte Clube Água Santa, um ex-time de várzea, é apenas mais um dos atrativos que o Paulistão oferece para a temporada 2016.


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

O novo Novorizontino

Em 2015, eu assim como muitos, fiquei surpresos quando anunciaram as quatro equipes promovidas para a 1ª divisão do campeonato paulista do ano seguinte. Um dos times "debutantes" me chamou bastante atenção e por isso, me comprometi a escrever sobre ele no início de 2016, quando o Paulista começa-se, essa equipe é o Grêmio Novorizontino.

Sim, o nome é o mesmo, mas como se sabe, aquela equipe que surpreendeu a todos quando chegou na final do Paulistão de 1990 contra o Bragantino, na decisão que ficou conhecida como a "final do interior", infelizmente decretou falência em 99. Mas assim como o tradicional Rangers da Escócia, que depois de ser extinto, foi refundado e começou do zero no país, o novo Novorizontino também renasceu e em 2001 retomou as atividades como clube amador, anos depois se afiliou novamente à Federação Paulista e iniciou uma nova trajetória. 



A semelhança com o antigo time da cidade de Novo Horizonte não é mera coincidência. As cores, o mascote, o hino, o uniforme e até o apelido de "Tigre do Vale" são os mesmos, tudo para tentar resgatar ao máximo os habitantes da cidade e os torcedores do clube de antigamente. A grande diferença está no nome e no escudo. O clube antigo chamava-se Grêmio Esportivo Novorizontino e no escudo, além da data de fundação de 13/03/1973 ficava apenas a sigla do clube: G.E.N. No reinício, a nova data de fundação consta no escudo (11/03/2001) e a sigla foi substituída pelo nome completo do time: Grêmio Novorizontino, sem o "esportivo" que constava no registro antigo.

Fora isso, tudo igual, inclusive o estádio, o tradicional Jorge Ismael de Biasi. E assim como aquele time que fez história no início dos anos 90, sob o comando do técnico Nelsinho Baptista e que revelou jogadores como Alessandro Cambalhota (que foi peça importante no ressurgimento do clube) e o zagueiro campeão mundial em 94 Márcio Santos, o novo Tigre também já realizou suas façanhas. Em 2012 disputou e foi promovido na quarta divisão do Paulistão, apenas dois anos depois de anunciar que voltaria a disputar torneios oficiais, quando filiou-se novamente à FPF. A partir daí, só alegrias. Seguidas promoções no estadual e até o título em 2014 na Série A3. Nesse mesmo ano também voltou a disputar a Copa SP de Juniores, valorizando também seu trabalho nas categorias de base.

Enfim em 2015 o sonho se realizou. Com o vice-campeonato na série A2, perdendo a final para a tradicional Ferroviária de Araraquara, o Novorizontino alcançou o retorno a primeira divisão do futebol do estado. Agora em 2016, o objetivo é modesto mas também complicado: é não ser rebaixado. O técnico atual, assim como nos anos 90, também é ex-jogador e famoso e busca sua primeira conquista como comandante, Guilherme, ex-atacante de grandes clubes e da seleção é o responsável a frente da equipe de Novo Horizonte. Jogadores conhecidos como Jéci, Richarlyson e Pedro Carmona também estão no elenco a fim de honrarem o compromisso com o clube.

Semelhanças não faltam e o objetivo é complicado, mas ainda sim, em tempos de clubes-empresa, é bom ter de volta um time que faz questão de resgatar e associar sua nova história com as glórias do passado. Sorte e honra ao novo Novorizontino.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Lusa: 25 anos do 1º título da Copinha

Confesso que só fui perceber a importância e a comemoração deste título nesta semana, quando comentaram sobre o mesmo em uma emissora de rádio. De imediato a minha inspiração pra escrever sobre isto veio, afinal, consigo lembrar de alguns momentos daquela conquista, já que na época eu era apenas uma criança. Pedi até licença para o meu companheiro de Jogo em Pauta Ricardo Veras, especialista quando o assunto é Portuguesa.


1991, este foi o ano. Se hoje a Lusinha amarga uma fase triste, tentando retomar seus grandes momentos e almejando um lugar nas divisões mais altas do futebol, naqueles tempos a coisa era diferente. Agora falando especificamente daquela conquista, QUE CONQUISTA, com um time de dar inveja a qualquer equipe de base de hoje. Se anos mais tarde alguns dos destaques dessa equipe não vingaram para os grandes, nesta competição, juntos, eles voavam e impressionavam dentro de campo. Comandados pelo técnico Écio Pasca, a Lusa conquistou o primeiro de seus dois títulos com uma sonora goleada sobre o Grêmio na final, 4 a 0. Antes já tinha feito a maior goleada da competição nos 8 a 2 sobre o Sergipe, ainda na fase de grupos e também terminou a competição com o melhor ataque (32 gols em 9 jogos), o maior artilheiro (Sinval, 10 gols) e o melhor jogador, este sem parênteses: Dener.

Daquele time, saiu o termo “losango flutuante”, inventado pelo próprio treinador, que se inspirou no basquete para formá-lo. Dener flutuava pelo campo, sem ter a necessidade de marcar enquanto o ponta Tico, mais obediente e com maior conhecimento tático, marcava e quando podia, também flutuava. Sinval era o homem de referência na área adversária e Pereira completava o esquema. Os quatro subiram para o elenco principal da Lusa ainda naquele ano.
Além destes, podemos destacar o volante Roque, o marcador deste time que também fez sucesso na equipe principal da Lusa, o zagueiro Juarez, o xerife que foi promovido e depois fez a carreira em times médios da Itália e o meia Maninho, que também chegou ao elenco principal da Portuguesa e foi um dos envolvidos na história mais curiosa desta conquista.
A goleada na final contra o Grêmio realmente foi histórica, mas a maioria dos jogadores daquele elenco destacam uma outra partida daquela campanha: o duelo contra o São Paulo, na última rodada da 1ª fase.

Jogo contra o tricolor, no Pacaembu, valendo a primeiro lugar no grupo. Dener, endiabrado como sempre, pedalava, dava chapéu e canetas, mas o gol não saía. Fim do primeiro tempo, 0 a 0 no placar. Durante o intervalo, Maninho, que também se destaca pela liderança, resolveu cobrar o craque pelas firulas e pouca objetividade. Os dois discutiram e chegaram até a trocar alguns socos. Clima tenso, jogadores separando os dois e o técnico Écio só de olho, em silêncio. 10 minutos depois, no
vestiário o próprio resolveu acabar com aquele ambiente fúnebre, levantou, mandou os dois envolvidos também ficarem em pé e falou: “Agora ninguém vai separar vocês. Se vocês quiserem se pegar, podem se pegar. Maninho eu preciso de você 100% no meio de campo, correndo. E Dener eu também preciso de você 100% no ataque, fazendo gols. Se vocês forem brigar a nossa história acaba aqui. Agora se vocês se abraçarem, a gente vai ganhar o jogo e ninguém vai nos parar” relembrou Maninho. O discurso atingiu ambos, que emocionados, se abraçaram e choraram.

Reinício de jogo e quase tudo diferente. Seriedade em campo e Dener continuava inspirado. Ao fazer o primeiro gol, Dener corre na direção de Maninho e o abraça, tudo resolvido. Ainda teve tempo pro segundo gol, 2 a 0 no tricolorzinho.
Para Tico aquele dia também foi especial, mas por outro motivo: era seu aniversário. Melhor amigo de Dener naquela época, o jogador chegou em casa e foi recebido com uma festa surpresa, organizada pela família e pelo grande parceiro de clube: “A nossa amizade era muito forte”, contou Tico.

Na final, um jogo histórico. O Grêmio tinha entre outros nomes, Danrlei e Carlos Miguel, jogadores que depois se destacaram no profissional. Mas não tinha como comparar, o título daquele ano tinha que ser da Lusinha. Sim, era um jogo entre categorias de base, mas a comparação lembra e muito aquele Barcelona x Santos na final do Mundial de 2011, tanto pelo placar quanto pela disparidade na qualidade e no volume de jogo apresentado por cada equipe. A Lusa fez 4 a 0 no Grêmio, mas ficou barato, cabia mais. Tico, Pereira, Sinval e Dener foram os autores dos gols.
Depois da conquista, sete jogadores foram promovidos para o elenco principal, mas poucos se destacaram. Tico, Sinval e Roque foram os mais “famosos”. Dener, que merece um artigo a parte, foi mais promissor de todos!

25 anos da conquista, 25 anos de uma das maiores equipes já formadas na Copinha. Portuguesa de 1991, campeã da Copa SP de Juniores, a base que todo time queria ter.

CAMPANHA – COPA SP 1991

05.01.1991 - Portuguesa 2-1 América-RJ (primeira fase) 
08.01.1991 - Portuguesa 5-1 Flamengo-RO (primeira fase) 
12.01.1991 - Portuguesa 8-2 Sergipe (primeira fase) 
14.01.1991 - Portuguesa 2-0 São Paulo (primeira fase) 
17.01.1991 - Portuguesa 3-0 Santo André (segunda fase) 
19.01.1991 - Portuguesa 3-1 São Bernardo (segunda fase) 
21.01.1991 - Portuguesa 2-1 Bahia (segunda fase) 
24.01.1991 - Portuguesa 3-1 Goiás (semifinal) 
26.01.1991 - Portuguesa 4-0 Grêmio (final), Pacaembu

Portuguesa 4 x 0 Grêmio - Copa SP de Futebol Júnior