sábado, 12 de maio de 2012

Paulistão 73: Uma confusão, dois campeões!


Por Domingos Arthur

No dia 26 de agosto de 1973, era marcado mais uma final do campeonato Paulista. Ou melhor, um registro curioso e no mínimo inesquecível.

Naquela data, acontecia o que nem os "deuses do futebol" poderiam prever: a conquista de um título por dois times. Oras, como seria possível esse fato ocorrer?

Abaixo, um pouco do fato histórico esportivo, ocorrido na final daquele Paulistão. Alguns detalhes importantes desta disputa: o último título de Pelé, uma final sem gols, um título decidido nos pênaltis, recorde paulista de público pagante na época e uma inusitada decisão do árbitro da partida.

Equipe do Santos Futebol Clube de 1973
Uma final com 116.156 pagantes e arrecadação de CR$ 1,5 milhão, no estádio do Morumbi (público total recorde de 130.000). Era a decisão do Paulista de 1973, entre Santos (campeão do 1º turno) e Portuguesa (campeã do 2º turno). Era perceptível a tranquilidade do time santista liderado por Pelé, que jogava como no seu auge, e o nervosismo da Portuguesa. Mas a bola santista insistia em não entrar. O lance mais perigoso foi uma bola na trave, chutada por Pelé, no 2º tempo. Já a Portuguesa jogava pelos contra-ataques e  bolas paradas, pois o empate provocaria uma prorrogação, seguida dos pênaltis.
Equipe da Portuguesa de Desportos de 1973

Nos 30 minutos do tempo extra, era nítida uma Lusa mais perigosa, por ser um time mais jovem e com melhor preparo físico, tanto que em uma bola enfiada, quase marcou o gol da vitória, grande oportunidade, mas não deu... E como o quase não joga, os dois times foram à decisão de pênaltis.

E logo no começo, a primeira cobrança desperdiçada por Zé Carlos (Santos), pênalti defendido por Zecão. Isidoro (Portuguesa) também parou no arqueiro santista Cejas. Já na segunda cobrança, Carlos Alberto fez o primeiro do Santos, e na sequência Calegari (Portuguesa) falhou em sua cobrança. Na terceira série, Edu fez o segundo gol para o Santos e Wilsinho (Portuguesa) mandou a bola na trave... Situação complicada para a Lusa.

Árbitro Armando Marques
Ainda restavam duas cobranças para cada equipe, ou seja, a Portuguesa ainda tinha chances de empate antes dos pênaltis alternados. Eis que surge o senhor Armando Marques, árbitro do jogo, que num súbito de autoridade (e imcompetência), apitou e deu como encerrada a partida, dando a perceber que o título era do Santos. 
A Portuguesa, contrária ao absurdo e sabedora da regra, recolheu seus jogadores ao vestiário e imediatamente foi embora do estádio, acabando com a possibilidade de retornar ao campo após uma nova convocação do árbitro, ficando apenas no aguardo da decisão da Federação Paulista de Futebol sobre qual equipe verdadeiramente obteria o título do estadual daquele ano. 

Percebendo o erro grave do árbitro, a Federação declarou posteriormente nos bastidores o título dividido, tornando assim os dois times campeões Paulistas de 1973.

Breve histórico do árbitro Armando Marques

Sobre o responsável do tumulto, Armando Marques nasceu no Rio de Janeiro em 1930. Era considerado na época um dos melhores árbitros e fez sua primeira partida profissional em 1961. Ficou marcado após este jogo, mas só encerrou a carreira em 1977. 

Após o futebol, chegou a apresentar um programa de auditório na extinta TV Manchete em 1993, graças a sua popularidade. No programa, havia um quadro em que ele contava e admitia alguns erros que cometera durante sua carreira. Na emissora ele também foi comentarista esportivo. Em 2005, pediu demissão do comando da Comissão de Arbitragem da CBF por não aceitar críticas referentes ao escândalo da Máfia do Apito.

Curiosidade

Naquele ano, Pelé ainda contou com grandes companheiros no Santos: os campeões mundiais Carlos Alberto Torres, Edu e Clodoaldo (seleção de 70), Jair da Costa (campeão mundial em 1962, vindo da Inter de Milão), Alcindo (Copa de 1966), Marinho (que mais tarde disputaria a Copa de 1974) e alguns jovens jogadores que marcariam época no time da baixada como Cláudio Adão e Manoel Maria. Cabe também citar o excelente goleiro argentino Cejas.

 Abaixo, registro em vídeo da final em 1973