terça-feira, 23 de setembro de 2014

A POLÊMICA DO SHEIK

Que Emerson Sheik é famoso por suas polêmicas não é novidade pra ninguém. Mas a última declaração do jogador na derrota do Botafogo contra o Bahia, após ser expulso, provavelmente foi uma das atitudes mais significativas de sua carreira.

Só para situar o caso, vale lembrar o ocorrido. Sheik fazia uma grande partida, havia marcado os dois gols de sua equipe no jogo, mas ao reclamar com arbitro após uma falta, levou cartão amarelo. Nesta hora, o jogador referiu as seguintes palavras a uma das câmeras que filmavam o jogo: "CBF, é pra vocês". Mas a polêmica principal veio no segundo lance. Depois de cometer uma falta comum, o jogador levou o segundo amarelo e foi expulso. Na saída de campo, se aproximou de outra câmera que fica na beirada do gramado e novamente se manifestou: "CBF, você é uma vergonha, uma vergonha". Com um a menos, o Fogão levou a virada do Bahia e perdeu por 3 a 2, no Maracanã.

Sim, as palavras foram ditas no chamado "calor do jogo", mas muito mais que o resultado final, a atitude rapidamente ganhou as manchetes esportivas do país e abriu precedentes para uma reflexão: Até onde o jogador tem o direito de se manifestar contra a organizadora do futebol brasileiro, no caso, a CBF? Talvez o fato de ter partido de um indivíduo que já se envolveu em inúmeros casos polêmicos faça com que se diminua o apoio, mas o protesto é muito válido, ainda mais em tempos de discussão sobre uma melhora no produto futebol, com movimentos que reivindicam mudanças, como o já conhecido Bom Senso F.C.

No dia seguinte ao ocorrido, Emerson, mais calmo, explicou o que quis dizer naquele desabafo:
"Posso ter me exaltado naquele momento, mas penso muito antes de falar e sei o que estou falando. Se tem alguém aqui que discorda da arbitragem do futebol brasileiro, por favor se manifeste. Não falei nada demais. O que eu pedi é que a CBF profissionalize a arbitragem do nosso futebol. Porque os dirigentes, quando iniciam uma temporada, fazem um planejamento para o ano inteiro. E daí vem um cara que não tem nada a ver com nosso meio (árbitro) e consegue estragar o planejamento de um ano, o sonho de profissionais, de pessoas que diariamente vêm aos clubes para trabalhar, gente que não tem nada a ver com nosso mundo".

O pedido do Sheik é algo que já foi reclamado diversas vezes abertamente. O árbitro brasileiro, não sendo um profissional em carteira, precisa de um trabalho "comum" para complementar sua renda e assim não pode se dedicar integralmente a carreira na arbitragem, o que influencia muito seu desempenho nas partidas. Exemplo maior desta diferença é a situação dos juízes na Europa e em diversos lugares do mundo, onde a arbitragem é profissional e os erros são nitidamente menores. Árbitros "perfeitos" inexistem, pois são seres humanos e erram como qualquer um. Por isso a reclamação de Emerson, contra a CBF, responsável pelo futebol nacional e, consequentemente, da arbitragem. Pode-se sim discutir a forma com que esta reclamação foi feita, mas não o motivo e por isso, o Sheik merece aplausos.


Que isto renderá uma punição ao jogador, não há duvidas, pois para a CBF e seu fiel parceiro, o STJD, todos erram, menos eles. O jogador inclusive já foi denunciado. Mas acima disso, declarações como essa podem resultar em mais protestos em outras frentes do futebol, como clubes, dirigentes e até outros jogadores. O cair na real destes pode estar próximo. Será uma luz no fim do túnel? Aguardemos. Para o sheik? Neste caso, parabéns!

sábado, 6 de setembro de 2014

ALOÍSIO CHULAPA ESTÁ DE VOLTA


É isso mesmo, o jogador ídolo do tricolor paulista, famoso pela irreverência e simplicidade, está de volta aos campos. Após especular uma aposentadoria no fim de 2013, depois de grande passagem pelo Santa Rita-AL, onde foi campeão da segunda divisão do estadual de Alagoas, o jogador resolveu voltar aos campos, mas já anunciou que este será seu ultimo clube.
Aloísio assinou contrato com Sport Clube Santo Antônio, equipe de sua cidade natal Atalaia (AL). O atacante postou em sua conta oficial no instagram o acerto com o clube, que disputa apenas a segunda divisão do campeonato estadual:
“O chula tá de volta pra se despedir do futebol perto da família e dos amigos na nossa terra que eu amo muito, Atalaia… Gente, “danone” agora só final de semana kkkkkkkk” (sic).
O tal “danone” que Aloísio cita na postagem é o apelido escolhido para definir a cerveja, bebida que o atacante aprecia bastante e nunca escondeu que consumia, mesmo quando era de jogador de alto nível.
O jogador começou a carreira em 1994 em outra equipe local, o CRB. Após passagens apagadas por Flamengo e Guarani nos anos seguintes, se destacou no Goiás, sendo tricampeão estadual em 97, 98 e 99. No mesmo ano iniciou sua carreira na Europa, mas após várias temporadas medianas, voltou ao Atlético-PR em 2005 para dar início aos melhores anos de sua carreira. Finalista derrotado da Libertadores no mesmo ano, acabou sendo contratado pelo algoz no torneio, o São Paulo, para a disputa do mundial de clubes. E foi dele o passe de “trivela” para o gol histórico de Mineiro na vitória de 1 a 0 sobre o Liverpool-ING, que deu o terceiro título mundial ao tricolor paulista. Depois ainda seria bicampeão brasileiro pelo mesmo São Paulo, em 2006 e 2007. Em agosto de 2008, se despediu da equipe do Morumbi como um dos ídolos recentes, marcando 23 gols em 124 jogos. Entre idas e vindas por outras equipes, sem grande destaque, em 2011 voltou ao CRB, seu time do coração. Recebeu o apelido de Aloísio Chulapa por sua semelhança no estilo de jogo com Serginho Chulapa, o maior artilheiro da história do São Paulo.
Aloísio também ficou famoso por suas ações fora de campo. O jogador mantém um centro recreativo que leva seu nome em Atalaia, onde atende as crianças carentes de sua cidade natal. ”Chula” comprou o local antes conhecido como ABB com o dinheiro ganho no futebol. O mais curioso é que quando criança, ele e seus amigos pulavam o muro deste mesmo clube para brincar, mas acabavam sempre expulsos pelos seguranças. O jogador dizia na infância que compraria o lugar um dia, para que todas as crianças carentes tivessem acesso.
“Um dia falei que o clube estava sendo vendido. Não deu outra e meu irmão comprou o local”, disse Laerson Chulapa, que hoje ajuda Aloísio na administração do clube.
Recentemente, chamou o maior ídolo da história do São Paulo e também grande amigo Rogério Ceni para participar da inauguração da Escolinha de Futebol Meninos de Ouro, que ajudará a tirar meninos e meninas carentes da rua. O projeto pretende atender até 150 crianças.
Agora com 39 anos, Aloísio Chulapa deve se despedir em breve dos gramados, mas sua contribuição para o futebol e projetos sociais jamais será esquecida, por seus fãs e pelas crianças beneficiadas em Atalaia.