A próxima parada da nossa jornada
pelo Paulistão deste ano estaciona em Araraquara, uma cidade de muita tradição no futebol do estado
e que abriga uma das equipes mais competitivas desta edição do campeonato, a
Ferroviária.
Lembro que quando era criança e
assistia os jogos do estadual, a Ferroviária me chamava muito a atenção,
afinal, o que esse nome tem a ver com um clube de futebol? Pois bem, depois de
crescido fui matar minha curiosidade e hoje, contarei um pouco da história
deste tradicional clube do interior paulista.
Diferente dos clubes
"jovens" que tratamos nos artigos anteriores, a Associação
Ferroviária de Esportes (AFE) tem uma significativa representação junto aos
clubes do interior do país. Disputou por 30 anos seguidos a divisão de elite do
Paulista e também já chegou a Série A do Brasileiro.
Fundada em 12 de Abril de 1950
por funcionários da EFA - Estrada de Ferro Araraquara, decidiu-se pela sigla
AFE no clube, por coincidência ou não, o contrário da sigla idealizadora. As
cores Grená e branco, foram escolhidas após longo debate, pois muitos queriam
as cores da cidade (azul e branco) e são uma homenagem as locomotivas da EFA,
que se distinguiam das outras justamente pelo grená. O mascote da equipe é a
Locomotiva, que "atropela os adversários". Há também o Maquinista,
criado por um cartunista Lucas Lima, torcedor da Ferrinha, que mesmo não sendo
o mascote oficial, é bastante utilizado na divulgação e marketing do clube.
O estádio, mesmo sendo municipal,
é reconhecidamente a casa da Ferroviária. Batizado como estádio Dr. Adhemar de
Barros, que foi um importante político brasileiro, é mais conhecido pelo nome
de Arena da Fonte Luminosa. Reformado em 2008, hoje é uma moderna arena
multiuso, com capacidade para 20 mil pessoas e possui um dos melhores gramados
do país.
Muitos jogadores famosos já
vestiram essa camisa grená. Dentre os mais conhecidos, estão o atacante
Grafite, os meias Renato Cajá e Fumagalli, o ex volante e hoje técnico Dorival
Júnior, o também ex volante Dudu, nascido em Araraquara e que depois se tornou
um dos maiores ídolos da história do Palmeiras e por fim o meia Bazanni, ou
Rubi, maior ídolo da Ferrinha.
Como já foi dito, a AFE fez
grandes campanhas na elite do futebol brasileiro. No Paulista, já ficou em 3º
lugar nos anos de 1959 3 1968, além de conquistar três vezes o título da A2. No
âmbito nacional, disputou a primeira divisão do brasileiro por algumas
oportunidades e chegou ao 12º lugar em 1983, além de ser vice-campeão da Série
C, em 94. As conquistas mais reconhecidas são um tricampeonato Paulista do
Interior, nos anos de 1967, 68 e 69, que inclusive foram representadas pelas 3
estrelas no escudo do clube.
Mas como o título deste artigo
mostra, a campanha de 2016 no estadual é de dar inveja. Comandado pelo técnico
português Sérgio Vieira, vem se destacando na liderança do grupo C, deixando em
segundo lugar o poderoso São Paulo. Além disso, nesta temporada, nos dois jogos
que teve com os gigantes do país, obteve grandes resultados. Um empate com o
Corinthians em 2 a 2 quando foi superior durante toda a partida mas sofreu o
gol de empate no fim e a vitória sobre o Palmeiras em pleno Allianz Parque por
2 a 1. Neste jogo, teve mais posse de bola, mais chances de gol e melhor
desempenho. Aliás, esse é o grande destaque da Ferroviária, o desempenho em
campo. Não é difícil analisar jogo por jogo da campanha no Paulista e concluir
que sempre a Ferrinha foi melhor em campo. O time de Sérgio Vieira costuma
impor seu ritmo nas partidas e o adversário, com pouca posse de bola, acaba
encurralado pelo volume de jogo da AFE. É reconhecidamente uma das melhores
equipes deste Paulistão e grande candidato à classificação para a próxima fase
do estadual.
Técnico europeu, estilo de jogo que impressiona e história
reconhecida, tudo isso indica que a Ferroviária não está aí só querendo um
prêmio de participação. Os adversários que se cuidem, inclusive os gigantes. A
locomotiva está disposta a atropelar os adversários uma vez mais.
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