terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Lusa: 25 anos do 1º título da Copinha

Confesso que só fui perceber a importância e a comemoração deste título nesta semana, quando comentaram sobre o mesmo em uma emissora de rádio. De imediato a minha inspiração pra escrever sobre isto veio, afinal, consigo lembrar de alguns momentos daquela conquista, já que na época eu era apenas uma criança. Pedi até licença para o meu companheiro de Jogo em Pauta Ricardo Veras, especialista quando o assunto é Portuguesa.


1991, este foi o ano. Se hoje a Lusinha amarga uma fase triste, tentando retomar seus grandes momentos e almejando um lugar nas divisões mais altas do futebol, naqueles tempos a coisa era diferente. Agora falando especificamente daquela conquista, QUE CONQUISTA, com um time de dar inveja a qualquer equipe de base de hoje. Se anos mais tarde alguns dos destaques dessa equipe não vingaram para os grandes, nesta competição, juntos, eles voavam e impressionavam dentro de campo. Comandados pelo técnico Écio Pasca, a Lusa conquistou o primeiro de seus dois títulos com uma sonora goleada sobre o Grêmio na final, 4 a 0. Antes já tinha feito a maior goleada da competição nos 8 a 2 sobre o Sergipe, ainda na fase de grupos e também terminou a competição com o melhor ataque (32 gols em 9 jogos), o maior artilheiro (Sinval, 10 gols) e o melhor jogador, este sem parênteses: Dener.

Daquele time, saiu o termo “losango flutuante”, inventado pelo próprio treinador, que se inspirou no basquete para formá-lo. Dener flutuava pelo campo, sem ter a necessidade de marcar enquanto o ponta Tico, mais obediente e com maior conhecimento tático, marcava e quando podia, também flutuava. Sinval era o homem de referência na área adversária e Pereira completava o esquema. Os quatro subiram para o elenco principal da Lusa ainda naquele ano.
Além destes, podemos destacar o volante Roque, o marcador deste time que também fez sucesso na equipe principal da Lusa, o zagueiro Juarez, o xerife que foi promovido e depois fez a carreira em times médios da Itália e o meia Maninho, que também chegou ao elenco principal da Portuguesa e foi um dos envolvidos na história mais curiosa desta conquista.
A goleada na final contra o Grêmio realmente foi histórica, mas a maioria dos jogadores daquele elenco destacam uma outra partida daquela campanha: o duelo contra o São Paulo, na última rodada da 1ª fase.

Jogo contra o tricolor, no Pacaembu, valendo a primeiro lugar no grupo. Dener, endiabrado como sempre, pedalava, dava chapéu e canetas, mas o gol não saía. Fim do primeiro tempo, 0 a 0 no placar. Durante o intervalo, Maninho, que também se destaca pela liderança, resolveu cobrar o craque pelas firulas e pouca objetividade. Os dois discutiram e chegaram até a trocar alguns socos. Clima tenso, jogadores separando os dois e o técnico Écio só de olho, em silêncio. 10 minutos depois, no
vestiário o próprio resolveu acabar com aquele ambiente fúnebre, levantou, mandou os dois envolvidos também ficarem em pé e falou: “Agora ninguém vai separar vocês. Se vocês quiserem se pegar, podem se pegar. Maninho eu preciso de você 100% no meio de campo, correndo. E Dener eu também preciso de você 100% no ataque, fazendo gols. Se vocês forem brigar a nossa história acaba aqui. Agora se vocês se abraçarem, a gente vai ganhar o jogo e ninguém vai nos parar” relembrou Maninho. O discurso atingiu ambos, que emocionados, se abraçaram e choraram.

Reinício de jogo e quase tudo diferente. Seriedade em campo e Dener continuava inspirado. Ao fazer o primeiro gol, Dener corre na direção de Maninho e o abraça, tudo resolvido. Ainda teve tempo pro segundo gol, 2 a 0 no tricolorzinho.
Para Tico aquele dia também foi especial, mas por outro motivo: era seu aniversário. Melhor amigo de Dener naquela época, o jogador chegou em casa e foi recebido com uma festa surpresa, organizada pela família e pelo grande parceiro de clube: “A nossa amizade era muito forte”, contou Tico.

Na final, um jogo histórico. O Grêmio tinha entre outros nomes, Danrlei e Carlos Miguel, jogadores que depois se destacaram no profissional. Mas não tinha como comparar, o título daquele ano tinha que ser da Lusinha. Sim, era um jogo entre categorias de base, mas a comparação lembra e muito aquele Barcelona x Santos na final do Mundial de 2011, tanto pelo placar quanto pela disparidade na qualidade e no volume de jogo apresentado por cada equipe. A Lusa fez 4 a 0 no Grêmio, mas ficou barato, cabia mais. Tico, Pereira, Sinval e Dener foram os autores dos gols.
Depois da conquista, sete jogadores foram promovidos para o elenco principal, mas poucos se destacaram. Tico, Sinval e Roque foram os mais “famosos”. Dener, que merece um artigo a parte, foi mais promissor de todos!

25 anos da conquista, 25 anos de uma das maiores equipes já formadas na Copinha. Portuguesa de 1991, campeã da Copa SP de Juniores, a base que todo time queria ter.

CAMPANHA – COPA SP 1991

05.01.1991 - Portuguesa 2-1 América-RJ (primeira fase) 
08.01.1991 - Portuguesa 5-1 Flamengo-RO (primeira fase) 
12.01.1991 - Portuguesa 8-2 Sergipe (primeira fase) 
14.01.1991 - Portuguesa 2-0 São Paulo (primeira fase) 
17.01.1991 - Portuguesa 3-0 Santo André (segunda fase) 
19.01.1991 - Portuguesa 3-1 São Bernardo (segunda fase) 
21.01.1991 - Portuguesa 2-1 Bahia (segunda fase) 
24.01.1991 - Portuguesa 3-1 Goiás (semifinal) 
26.01.1991 - Portuguesa 4-0 Grêmio (final), Pacaembu

Portuguesa 4 x 0 Grêmio - Copa SP de Futebol Júnior

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

A SOLUÇÃO VEM DE BAIXO

Todo começo de ano é igual no futebol brasileiro, muita especulação sobre reforços nas equipes e quase nenhum futebol pra assistir. Digo quase porque uma competição tradicional sempre salva esse inicio de ano e ainda nos traz grandes expectativas sobre o futuro e as grandes promessas: a Copa SP de Futebol Júnior.

f: espn.uol.com.br
Neste ano decidi acompanhar melhor a equipe do São Paulo, afinal na temporada 2015 a base do tricolor ganhou praticamente tudo e demonstrava sinais de que poderia render e revelar grandes jogadores para o time de cima, ainda mais se analisarmos a atual situação do clube, que sem dinheiro para grandes contratações, terá que olhar mais atentamente as categorias inferiores.

Ontem o tricolorzinho goleou o Rondonópolis e avançou as quartas-de-final, mais do que isso, voltou a apresentar grande futebol após correr riscos nas fases anteriores, quando passou nos pênaltis diante do Taboão da Serra e depois com uma vitória magra e pouco convincente sobre o Figueirense, 1 a 0. Mesmo assim, com a queda de rendimento nítido após atropelar na fase de grupos, podemos ter fé que grandes jogadores podem surgir desta equipe.

Vamos primeiramente avaliar o elenco principal e as posições que o treinador Bauza, que chegou agora, classificou como essenciais de serem reforçadas. O time base principal que se desenha é: Dênis, Bruno, Rodrigo Caio, Breno e Carlinhos; Hudson, Thiago Mendes, Ganso, Michel Bastos; Centurion e Alan Kardec. A tradicional formação 4-4-2 podendo se transformar num 4-2-3-1 se Centurion for recuado para o meio. Dos reforços confirmados até então, Lugano, Mena e Kieza, apenas o primeiro chega com a pompa de titular, mas mesmo assim as condições físicas indicam que o "Dios" não será capaz de jogar todas as partidas.

f: esporte.uol.com.br
Ai a pergunta que não quer calar: porque então não apostar na base? Alguns podem argumentar que o fato de o São Paulo disputar a Libertadores exige jogadores mais experientes mas eu discordo pois a mescla com os jogadores jovens é necessária, ainda mais na situação financeira que o clube atravessa. Não entendi até agora o investimento feito no Kieza, um atacante de 29 anos que custou quatro milhões de reais sendo que na categoria debaixo temos o Joanderson, de 19 anos, que tem um salário muito menor, foi artilheiro nos 3 campeonatos que a equipe conquistou ano passado, foi visado por grandes clubes do Brasil e do mundo no ano passado e tem uma perspectiva de futuro e retorno infinitamente maior. Mena é mais um exemplo: jogador que estava encostado no Cruzeiro e que vem por empréstimo até o fim do ano. Ok, as outras opções imediatas no elenco são o Reinaldo (não preciso falar nada) e o Carlinhos que não consegue ter uma continuidade. Mas e o Matheus Reis? Jogador da base que subiu ano passado e que tem características mais defensivas (este foi o argumento utilizado para a contratação do Mena). Além deste tem o Inácio, um dos jogadores da Copinha mais prontos desta equipe pra subir e que também é lateral esquerdo, inclusive foi o responsável ontem pela classificação do tricolorzinho. Sem contar os outros destaques do time que mereciam uma chance na equipe de cima sem pensar muito: o volante e capitão Banguelê, que é exemplo de vontade nesta equipe; o meia e camisa 10 Lucas Fernandes, ambidestro, talentoso e preciso, seria uma grande sombra para o Ganso (isso se não subir e tomar a posição do tal "maestro"); o Joanderson, como já comentamos aqui e o atacante David Neres, pra mim o grande craque do time: habilidoso, ousado e rápido e que deveria ser testado urgentemente no time principal. Há quem diga que o treinador Bauza já pediu a promoção de alguns jogadores da copinha assim que a competição acabe, pra mim todos estes citados merecem uma chance.

Independentemente se o SP ganhar a competição é bom lembrar que a copinha é importante para revelar jogadores, o título é apenas uma recompensa. Sempre valorizada e elogiada, já está na hora de apostar na base de Cotia. O momento financeiro do clube fez com que a oportunidade aparecesse, cabe agora ao São Paulo aproveitar. Quem sabe esta possa ser a nova geração dos "menudos do Morumbi"? Acho que vale a aposta Bauza, acredite São Paulo!