domingo, 12 de junho de 2011

Os equívocos do jornalismo esportivo Brasileiro

            Hoje em dia no jornalismo brasileiro, a audiência e a necessidade de noticiar o que vai "dar pano pra manga" têm predominado. As informações que realmente importam têm sido deixadas de lado, enquanto as sensacionalistas hoje já são a maioria, inclusive no jornalismo esportivo. A cobertura brasileira sobre os esportes esbarra em vários outros fatores, que fazem com que a mesma não seja vista como padrão de qualidade. Mesmo com o bom retorno que o esporte dá ao nosso país (nos aspectos econômicos, políticos e sociais), as ações dos cartolas (não todos, mas quase todos) fazem com que a nossa organização fique manchada. O preconceito com que o jornalismo esportivo é visto no país também contribui para esse negativismo. Enquanto em outras áreas do jornalismo brasileiro o profissional é visto com grande respeito e admiração, no esporte o jornalista é visto como um "brincalhão", que não leva a profissão a sério, mesmo com a capacidade que o próprio obrigatoriamente precisa ter, já que o investimento em formar profissionais desta área é baixo, ele é por muitas vezes visto de maneira preconceituosa, considerado incapaz de trabalhar com outros temas, mesmo com a grande cobertura que o assunto necessita no país. O marketing esportivo, explorado de forma positiva na Europa, no Brasil assume um caráter pejorativo, fazendo com que clubes e entidades, em alguns casos percam até a sua identidade (caso do Paulista de Jundiaí, que por algum tempo se chamou Etti Jundiaí, devido ao seu patrocinador).
            Nas transmissões televisivas, o cenário ruim persiste. O monopólio que certas emissoras possuem sobre os direitos de transmissão de vários esportes e modalidades, com uma desleal e suspeita concorrência para adquiri-los, mesmo que não venha a exibi-los e o poder de interferir na escolha de datas e horários das partidas de futebol e a desleal concorrência sobre também contribuem com este cenário. No que diz respeito a todas as mídias, consegue-se perceber que as citações históricas foram esquecidas. Pouco material é encontrado sobre o esporte brasileiro das "antigas", da época romântica do futebol, de clubes do interior ou do norte e nordeste, e muita informação sobre o esporte atualmente já está desatualizada. Escalações erradas, resultados e dados que não batem ou se contradizem, nos diversos veículos que o esporte foi citado.
            Outro erro cometido por demais em nosso país é a supervalorização do futebol, acreditando que no Brasil, só esse esporte que importa. Acompanhar outros esportes no nosso país ainda é muito difícil, já que quase toda a atenção é voltada para o futebol.
Com a escolha do Brasil como sede das Olimpíadas de 2016, a necessidade de se informar, divulgar, praticar e incentivar os outros esportes virou obrigação, inclusive a cobertura no interior ou fora dos grandes centros.
            Vale mais uma vez citar o sensacionalismo por parte da mídia esportiva. Muitas vezes, declarações de certos jogadores ou dirigentes após o término do jogo ou nas coletivas são mais discutidas do que a própria partida. Pela guerra da audiência, a vida particular do esportista passa a ser mais importante que o esporte que ele pratica. Nesse aspecto, parece mesmo que a ética foi chutada pra fora. O twitter agora é sinônimo de polêmica.
            Mesmo com todos estes defeitos, as coisas parecem que estão se ajeitando. Jornalistas sérios e competentes, além de veículos que preferem a qualidade antes da quantidade, fogem da realidade aqui exposta. São poucos, mas eles existem. E a tendência é que este pouco se torne razoável daqui um tempo, com esta nova geração de profissionais críticos e éticos, que prezam pelo profissionalismo. Um dia, driblaremos esta situação, mesmo que levemos esta decisão para os pênaltis. Ainda há esperança.

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